Adaptação
Nesta semana, milhares de crianças com menos de cinco anos
começaram a frequentar a escola. Muitas estreiam no espaço escolar, mas mesmo
as que já o frequentaram por um período podem estranhar a separação dos pais e
o afastamento de casa no retorno das férias. Por isso, elas passam por um
processo de adaptação. A reação das crianças nesses dias é bem diversificada:
muitas entram na escola e já vão brincar, outras choram, outras ainda se
agarram nos pais, sem contar as que se recusam a sair do carro. Mas tudo pode
mudar em dias ou semanas: as que entraram sem problemas podem expressar recusa,
as que choravam podem entrar sem problema e assim por diante. É bom saber que
tais comportamentos -e a alternância entre eles- são naturais. Afinal, a
criança na primeira infância tem sua vida intensamente ligada às pessoas com as
quais tem vínculo afetivo e ao espaço de sua casa porque é isso que oferece a
segurança necessária para que ela se sinta tranquila. Ao mesmo tempo, sabemos
que as crianças crescem melhor junto a outras crianças. Como hoje as famílias
não têm mais o hábito de frequentar com regularidade a casa de outras famílias,
as crianças vão para a escola cada vez mais cedo para conviver com seus pares
-e isso não é problema, desde que seus pais estejam seguros de sua decisão.
Esse período de adaptação se transformou em um processo complexo e que pouco
auxilia a criança pequena. As escolas, cada uma à sua maneira, inventaram uma
série de dispositivos para amenizar a mudança para a criança, mas o alvo
principal desse processo são os pais. Na família atual, a relação entre pais e
filhos é a única que dura até a morte, já que todas as outras relações afetivas
são passíveis de dissolução. Isso gerou consequências, como a dedicação afetiva
extremada dos pais em relação aos filhos. Ao levar o filho pequeno para a
escola, os pais sentem culpa, angústia, insegurança. E foi por isso que muitas
escolas decidiram permitir que eles fiquem com os filhos no início. É para
aquietar os pais, não os filhos, que o processo foi inventado. Para a criança,
isso não é bom. Em primeiro lugar, porque a separação fica mais sofrida por
durar muito mais tempo, o que dificulta e atrasa a apropriação de seu novo
espaço. Em segundo, porque a sala fica com um clima artificial: professoras
constrangidas, mães que interferem no espaço, crianças que poderiam ficar mais
à vontade e que são aprisionadas pelo olhar da mãe etc. Se as escolas fossem
mais firmes no propósito de ter no aluno seu foco principal, esse período seria
menos penoso para todos. Claro que algumas crianças continuarão chorando por um
tempo para entrar na escola e algumas mães continuarão resistindo à separação,
mas isso sempre ocorreu e ocorrerá. Enquanto acreditarmos que esse processo é
necessário, ele será. Só por isso, e não pela necessidade das crianças. Elas
podem reagir diferentemente do que esperamos nessa situação. Basta que tenham
oportunidade para tanto. (Rosely Sayão)
.
.
Segundo o Referencial Curricular
Nacional para Educação Infantil:
A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inscrita em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca...
A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inscrita em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca...
As crianças pensam o mundo de um jeito especial e
muito próprio. É a partir das relações que estabelecem com a realidade em que
vivem, com o meio familiar e com as pessoas com quem necessitam se relacionar
no cotidiano que elas passam a “ler” e compreender o mundo. Cabe à Educação
facilitar essa “leitura” e compreensão, possibilitando, no processo inicial de
escolarização, o reconhecimento, pela criança, da sua própria história de vida.
É desejável resgatar a importância das suas ações e atitudes no processo de
construção da história da humanidade, estimulando sempre a sua auto-estima.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES
Propor sistematicamente brincadeiras em grupos, integrando os alunos através
de conversa em rodinhas, a fim de possibilitar o conhecimento e a aproximação
das crianças. Organizar atividades individuais como criação e confecção de
crachás, a partir de desenho e cartaz para a identificação do aluno.
Trabalhar a percepção do corpo a
partir de observações sistemáticas, no espelho, do rosto, dos cabelos, das
partes do corpo, da altura, etc.
Estabelecer observações em duplas acerca das diferenças e semelhanças entre os demais colegas, buscando construir o conceito do eu e do outro.
Fazer gráficos de altura com tiras de jornal, após as observações no espelho, procurando estabelecer as diferenças e as semelhanças de tamanho entre as crianças.
Trabalhar os sentidos: sensibilidade nas mãos (tato), visão, audição, olfato e paladar.
Fazer um desenho de corpo inteiro, incentivando a criança a reproduzir a sua auto-imagem; para isso, disponibilizar a ela diversos materiais como tinta, pincéis, papel colorido, botões, etc.
Estabelecer observações em duplas acerca das diferenças e semelhanças entre os demais colegas, buscando construir o conceito do eu e do outro.
Fazer gráficos de altura com tiras de jornal, após as observações no espelho, procurando estabelecer as diferenças e as semelhanças de tamanho entre as crianças.
Trabalhar os sentidos: sensibilidade nas mãos (tato), visão, audição, olfato e paladar.
Fazer um desenho de corpo inteiro, incentivando a criança a reproduzir a sua auto-imagem; para isso, disponibilizar a ela diversos materiais como tinta, pincéis, papel colorido, botões, etc.
Promover momentos para que o aluno
observe seu próprio espaço: Na classe: nomear todos os objetos e móveis ali
presentes, medir a sala com fitas de jornal, fazer a maquete da sala de aula
com caixas de sapatos e outros materiais.
Na escola: passear pelas suas dependências; conhecer funcionários; pesquisar a história da escola; trabalhar com o nome da escola, com suas origens históricas; desenhar a planta baixa da quadra, com a ajuda das crianças; investigar o quarteirão em que se situa e o nome das ruas próximas; realizar um reconhecimento do bairro, fazendo visitas às casas comerciais, praças, casas de moradores e outros lugares.
Na rua onde mora: fazer um reconhecimento das casas vizinhas (lados esquerdo e direito, frente e fundo); visitar pontos comerciais, tais como padarias, farmácias, vendas, açougues (aproveitar e discutir as profissões e respectivas atividades econômicas desenvolvidas na rua e na família); realizar um reconhecimento das árvores frutíferas no quintal de casa.
Na escola: passear pelas suas dependências; conhecer funcionários; pesquisar a história da escola; trabalhar com o nome da escola, com suas origens históricas; desenhar a planta baixa da quadra, com a ajuda das crianças; investigar o quarteirão em que se situa e o nome das ruas próximas; realizar um reconhecimento do bairro, fazendo visitas às casas comerciais, praças, casas de moradores e outros lugares.
Na rua onde mora: fazer um reconhecimento das casas vizinhas (lados esquerdo e direito, frente e fundo); visitar pontos comerciais, tais como padarias, farmácias, vendas, açougues (aproveitar e discutir as profissões e respectivas atividades econômicas desenvolvidas na rua e na família); realizar um reconhecimento das árvores frutíferas no quintal de casa.
Ao longo do desenvolvimento do
projeto, é interessante que o professor proporcione momentos com jogos para que
melhor se desenvolva a função simbólica das crianças. Assim, brincadeiras de
casinhas, representações de papéis como o de pai, mãe, bebê, filho, tia, avô,
avó, professora, padeiro, açougueiro, médico... são sempre muito bem-vindas. A
organização do baú com roupas e adereços dá um toque fantástico no
desenvolvimento dessa atividade.
Por outro lado, a conversa na roda
pode proporcionar condições para que os alunos se sintam sujeitos do espaço, da
história e das relações do grupo. Nessas conversas, é importante influir, para
que cada resposta das crianças oportunize novas perguntas, estabelecendo-se
assim um diálogo, aspecto importante na visão sócio-histórica.
A seguir, algumas sugestões de
perguntas:
Como é formada sua família? É grande
ou pequena?
Seu pai trabalha? Sua mãe? Seus irmãos? Em quê?
Eles gostam do que fazem? Por quê?
Recebem muito ou pouco dinheiro? Quanto?
O que sua família faz com esse dinheiro?
O que é preciso para trabalhar?
Criança deve trabalhar? Por quê? Em quê?
Seu pai trabalha? Sua mãe? Seus irmãos? Em quê?
Eles gostam do que fazem? Por quê?
Recebem muito ou pouco dinheiro? Quanto?
O que sua família faz com esse dinheiro?
O que é preciso para trabalhar?
Criança deve trabalhar? Por quê? Em quê?
Reconstrução da história do aluno, da
escola e do bairro, ajudando-o a compreender que essas histórias podem ocorrer
simultaneamente, com uma série de relações entre si.
Organização de mural de fotografias, após as pesquisas e excursões.
Construção da linha do tempo e do livro da vida. Obs.: solicitar a ajuda dos pais para realizar essas atividades.
Criação de situações para que os alunos discutam, comparem e troquem dados referentes às pesquisas realizadas.
Organização de encontros com a presença de membros da família, para que contem suas histórias, assim como as do bairro e da rua.
Organização de mural de fotografias, após as pesquisas e excursões.
Construção da linha do tempo e do livro da vida. Obs.: solicitar a ajuda dos pais para realizar essas atividades.
Criação de situações para que os alunos discutam, comparem e troquem dados referentes às pesquisas realizadas.
Organização de encontros com a presença de membros da família, para que contem suas histórias, assim como as do bairro e da rua.
Este projeto foi uma elaboração
coletiva. Em qualquer caso, recomenda-se que cada unidade escolar organize as
atividades a partir do seu tempo e espaço, de modo que o Projeto tenha o
formato e as características próprias da clientela com a qual será
desenvolvido. Cabe aqui uma consideração importante acerca do tempo na Educação
Infantil: os ritmos de produção nessa etapa são muito diferenciados, e a
ansiedade do professor em executar atividades propostas, em um cronograma
rígido, poderá ser improdutiva. É importante o respeito à diversidade e à
individualidade das crianças, que, nessa etapa, apresentam diferenciações
significativas entre o tempo biológico (a hora de descanso, lanche, etc.), o
tempo psicológico (que marca a individualidade, a singularidade, a história de
vida pessoal) e o tempo cronológico (aquele do relógio, do compromisso, da hora
marcada). (Revista Criança do Professor de
Educação Infantil)
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